terça-feira, 27 de janeiro de 2015

NETUNO E A ESQUERDA

Texto: Sílvia Ceres (astróloga argentina)
Tradução: Ana González

O descobrimento dos planetas além da órbita de Saturno, possibilitou relacionar sua atividade com acontecimentos sociais e políticos contemporâneos ao momento de sua visualização.

Assim, Urano (1781) ficará relacionado desde a perspectiva da astrologia política ou mundana a duas revoluções: a Declaração da Independência das colônias norteamericanas (1776) e a Francesa (1789).

Netuno (1846) será ligado às lutas populares que se propagaram por toda Europa, ao Primeiro Congresso pelos Direitos da Mulher, à primeira edição do Manifesto Comunista.

Por último, Plutão (1930) se associará à crise econômica produzida pela quebra das Bolsas e aos líderes dos grandes movimentos de massas: B. Mussolini (fascismo), A. Hitler (nazismo), J. Stalin (comunismo).

Em síntese, Urano ficará enlaçado com a burguesia e o capitalismo, Netuno con o socialismo e a esquerda em geral, e Plutão com os nacionalismos e os governos ditatoriais.

Como podemos observar, o panorama se desenha muito complexo, como um quebra-cabeças onde cada peça se encaixa corretamente. Mas na história da filosofia, os “pensadores à suspeita” (*) (K. Marx, S. Freud, F. Nietszche) assinalaram que não era tão importante “o quê” se dizia mas “quem” o dizia.

Retornando a Netuno, A. Barbault, um libriano moderado de direita, próximo ao gaullismo, define o planeta, dizendo: Vida social: se integra aos movimentos coletivos, vive as aspiracões de um grupo, de uma classe, de uma coletividade. Anarquia, demagogia, escândalo, caos, revolução, mística popular, sindicalismo, democracia, socialismo, comunismo. (1)

Enquanto isso, Dane Rudhyar, um ariano nascido na França e desde os 31 anos, cidadão norteamericano, sustenta: O marxismo constitui o aspecto negativo dos processos netunianos, ou seja, a nivelação de distensões sociais, a reabsorção a nível social de diferenças culturais e de classe dentro do imenso oceano do “inconsciente coletivo” do “proletariado virgem”. Trata-se de um aspecto negativo porque utiliza, como técnicas a violência e a mentira, assim como um fator quase hipnótico de sedução milenária. (2)

É notável como os astrólogos importantes e justamente reconhecidos do século XX ficam obnubilados por suas respectivas ideologias. Dito  astrologicamente, como a casa IX -descrição do mundo- condiciona a casa I -o observador que somos-.

Elman Bacher descreve a função de canalização de Netuno, seja de inspiração para o artista ou de iluminação para o místico. Assinala então: ...devemos compreender “o que vem através deste canal”. Refere-se  concretamente à importância dos planetas que se relacionam por aspecto com Netuno, já que a área de ação desse planeta será expressada através de Netuno, que somente transmite e canaliza sem poder controlar os impulsos que recebe.

Netuno foi descoberto em 23/09/1846. A carta do momento mostra uma conjunção exata: Saturno 25º08' y Neptuno 25º53', ambos retrógrados, em Aquário.

Pode inferir-se daí que Netuno viabiliza uma reclamação de Saturno, que em seu domicílio de Ar, diz que é necessário pensar outra realidade possível, mais fraterna, livre e igualitária.

A Mundana é uma especialidade astrológica em que a ideologia se torna evidente; é assim e não pode ser de outra maneira. Toda avaliação política e social se realiza desde certa perspectiva e descrição do mundo. O perigo aparece quando essa postura não fica clara, ou ainda pior quando “minha” postura pessoal se confunde com “a” Astrologia.

Espero que esta pequena reflexão nos mantenha mais alertas para não comprarmos alegremente “gato por lebre”, e não confundirmos conceitos tão evidentes como as diferentes funções de Netuno e Saturno.

(*)Pensadores à suspeita: são pensadores que acentuam a intenção do discurso mais do que o discurso em si. Há motivos inconscientes, de interesse de classe etc. que agregam um significado profundo que está além do que foi dito literalmente. Por ele, a importância de quem enuncia , mais do que aquilo que foi enunciado.

Para mais informações : http://filosofiauda.blogspot.com.ar/2011/05/filosofos-de-la-sospecha-marx-nietzsche.html  Los tres tienen en común la denuncia de las ilusiones y de la falsa percepción de la realidad, pero también la búsqueda de una utopía.”

1.           Defensa e Ilustración de la Astrología. Editorial Iberia. Barcelona, 1965. Página 125.
2.          
Cyclos. Nº 3. Barcelona. Noviembre / diciembre 1993. Página 3.



sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

O JOGO ENTRE DOIS INSTINTOS

O JOGO ENTRE DOIS INSTINTOS

O filme Mil vezes boa noite tem Juliette Binoche no papel principal e muitos outros motivos que o tornam especial. Boa fotografia, um repertório de situações interessantes: vocação, ideais sociais, conflito entre família e trabalho, beleza. É daqueles filmes que nos alimentam com boas razões para pensar. Leia a seguir.

VOCAÇÃO OU FAMÍLIA

O trabalho do fotógrafo John Christian Rosenlund e a direção competente de Erik Poppe (2013), nos contam a história de u

ma prestigiada fotógrafa de zonas de guerra (Rebecca) e sua relação com marido e duas filhas. O conflito ocorre por que a família não suporta mais a sensação de tê-la sempre em situações de perigo.

A personagem central se divide entre a denúncia dos males do mundo e o amor da família. Certo? Não. Se fosse simples assim, não seria o grande filme que é. Ele vai além de qualquer simplificação. Senão vejamos os detalhes da complexidade da narrativa.

O filme inicia em uma belíssima sequencia em que Rebecca, testemunha de uma ação de terrorismo, quase morre. Isso gera uma reação do marido que não aceita mais esse tipo de vida da esposa, nem as filhas aceitam a distância da mãe. Daí, em uma tentativa honesta, a personagem decide assumir suas funções na família. A relação com o marido se restabelece. A filha mais velha Stephie descobre algumas afinidades existentes entre elas, o que promove a aproximação.

Mas logo, outra circunstância põe tudo a perder. E a ambiguidade se instala. Rebecca entra novamente em conflitos e com a máquina de fotografia na mão se abre ao perigo, voltando ao comportamento que prometera não repetir. E a separação se instala novamente na família. O evento que vive com a filha na África faz que seu marido de novo se afaste dela e desta vez de forma mais radical.

O que faltou para ela manter a postura e palavra assumidas? A definição ou não dessa resposta é parte inteligente da trama, talvez seja seu verdadeiro núcleo.

INSTINTOS EM JOGO

A nova circunstância vivida junto à filha mais velha conduz Rebecca a um segundo momento de questionamento. A motivação de sua ação profissional confessada em primeira instância era social e política. Mas, a filha Stephie lhe pergunta por que ela se coloca em situações assim.  A resposta traz nova versão: “É só instinto, você vai indo, não é por pensar.” 

Será que ela mente quando diz que o mundo precisa de sua denúncia e que quer que as pessoas engasguem ao café da manhã ao ver suas fotos no jornal? Ela não mente, sua indignação pode ser real. Mas essa talvez seja apenas parte da verdade. Há mais em jogo.

A segunda confissão admite que há algo dentro de si sobre o qual ela não tem controle; algo de que não pode fugir por ser pulsão instintiva. Um impasse está criado. Então, como sair dessa situação?

Mas a sequencia narrativa ainda guarda outra surpresa para nós. Ela retorna ao trabalho em Cabul, no mesmo local que inicia o filme. Só que desta vez é diferente. Fica aflita, descontrolada e se desespera ao ver uma adolescente em preparação para o sacrifício terrorista. Por vezes, ela levanta a máquina, mas não faz o clique. Sucumbindo, ela se ajoelha ao chão, entregue à dor e angústia, semelhante à da mulher que está a seu lado, que poderia ser a mãe da adolescente que vai se imolar.

A cena se fecha. Não há outras definições que nos indiquem o que vem depois. Sem uma conclusão, devemos decidir por nossa conta o que aconteceria com Rebecca daí em diante. Várias interpretações são possíveis.

Minha hipótese é que nesse momento ela vive uma dor maior. Pela segunda vez, foi refeito o vínculo materno com ambas as filhas. Seu instinto materno está forte e vivo.  Ele é sacudido intensamente nessa cena.

Daí em diante ela teria condições para deixar de fotografar cenas de guerra.  Somente outro instinto tão forte como o materno poderia promover uma mudança radical a ponto de ela superar seu instinto agressivo. Mas, isso é apenas uma hipótese. 

Só podemos contar com o que a narrativa do filme nos oferece. Ela não oferece soluções, mas somente imagens e metáforas com que podemos dimensionar a crise da personagem.

METÁFORAS E SIGNIFICADOS

Como o filme é econômico nos diálogos, podemos imaginar o tamanho de tal crise a partir de imagens que ganham lugar na representação de sentidos.

Assim, há longas cenas em que ela é vista sozinha no banheiro, olhando a própria mão, ou junto à janela ou ainda passando a mão por panos. Tais belas imagens nos falam de solidão reflexiva e de introversão.

Há também um sonho recorrente em que um corpo feminino bóia na água de cabeça para baixo. Essa imagem nos conduz a uma carta do tarô, o enforcado, presente no imaginário popular. É inevitável essa associação e rica a interpretação que nos traz as ideias de sacrifício e de destino. Nada mais coerente em relação ao que Rebecca vive: uma crise a leva a decisões que implicam em sacrifícios. Há desejos de defender ideais sociais e o destino escolhido de ter uma família. E há também os impulsos instintivos e incontroláveis de sua natureza assumidamente guerreira.

Essa é uma das grandezas do filme: o retrato de um dilema pessoal, a experiência biográfica de escolhas particulares e difíceis.

Embora as cenas inicial e final já valham a ida ao cinema, todo o filme é construído nos limites entre a beleza da arte e o trágico mistério da vida. Há um olho que busca no escuro, amedrontado e em alerta, arregalado procurando a luz. Há uma máquina fotográfica pronta a clicar sempre, na observação da realidade. E há a natureza humana em sua complexidade.

Rebeca confessou a sua filha que teria sido “muito brava quando jovem, tendo a fotografia como salvação”, mais velha sua história sofreria uma grande  mudança, mas a busca pela salvação continua atual.

Mais velha, trata-se de outra salvação. A natureza humana sempre busca salvar-se perante a complexidade da vida. Como resolver esse dilema?


Para saber mais sobre Tarô, recomendo o site de Constantino Riemma

quinta-feira, 15 de janeiro de 2015

O TEXTO LITERÁRIO DE ÍTALO CALVINO


Estou lendo o livro AS CIDADES INVISÍVEIS, de Ítalo Calvino que nos traz Marco Polo e  Kublai Khan, duas personagens do século XIII em uma conversa imaginada.

Os relatos de viagem do mercador veneziano, que junto ao pai e tio andou pela Rota da Seda, são fonte de informação importante a respeito do Oriente.  Kublai Khan, neto de Gengis Khan, foi chefe do Império Mongol e tornou-se lenda na Europa depois da visita de Marco Polo.

Essa é uma pálida e rapidíssima visão da história real a partir da qual a genialidade de Ítalo Calvino constrói seu livro.                                                                                                                                                                     Na primeira contracapa, há a sugestão para que o leiamos lentamente. Não dá para ser de outra forma. Não me pergunte o motivo. Pelo menos a minha leitura está sendo aos poucos, bem aos poucos. Cada capítulo em geral uma página e meia me leva a espaços tão incríveis que eu desejo aí ficar e ficar e ficar.

São descrições de cidades visitadas pelo mercador italiano, em pequenos textos divididos em nove partes, com numeração em forma de quebra cabeça. A decifrar, ou simplesmente neles de perder num emaranhado de significados poéticos e ilógicos.

Entre esses capítulos, há pedaços da conversa entre Marco Polo e Kublai Khan. Mas, isso quando acontece, me acorda para outro nível da narrativa, porque eu já me tinha esquecido e estava sozinha na viagem do veneziano, tendo me colocado como uma parceira de viagem por cidades imaginadas e impossíveis.
No trecho abaixo, há um diálogo entre Marco Polo e o chinês:

 “Marco polo descreve uma ponte, pedra por pedra.
- Mas qual é a pedra que sustenta a ponte? – pergunta Kublai Khan.
- A ponte não é sustentada por esta ou aquela pedra – responde Marco-, mas pela curva do arco que estas formam.
 Kublai Khan permanece em silêncio, refletindo. Depois acrescenta:
- Por que falar das pedras? Só o arco me interessa.
Polo responde:
- Sem pedras, o arco não existe.”

Ítalo Calvino nos conta nesse pequeno trecho que o exercício de pensar a realidade é complexo. Ele diz: Cuidado, não nos enganemos, a realidade pode ser diferente daquilo que imaginamos dela.

Mas isso é apenas uma percepção pessoal. Você poderá ler de forma diferente descobrindo nesse pequeno diálogo outros aspectos e significados.

Fica o convite para um encontro com Marco Polo, para acompanhá-lo na visita a cidades descritas ao imperador mongol. Uma viagem ilógica, insensata e poética, porque são especiais, muito particulares, os jeitos de um grande autor falar da vida e da natureza humana.

O texto  de Ítalo Calvino nos convida à experiência de fruição e de prazer. Através dele podemos até chegar à sensação de liberdade. As palavras descrevem um imaginário rico de sinais da realidade. São somente sinais, o resto é poesia. 

(SP: Companhia das letras, 1990.p.79)

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

HANS HARTUNG, OFICINA DO GESTO

Visitei a exposição  no CCBB/SP (novembro-14 a janeiro-15) do pintor franco-alemão, Hans Hartung (1904-1989) mestre do abstracionismo europeu do século XX. Ele é referência da arte informal, da poética do gesto rápido, segundo as palavras do texto de apresentação da mostra. Conheceu diretamente todos os movimentos de vanguarda, do abstracionismo ao expressionismo. Foi reconhecido pela busca da liberdade artística e do seu comprometimento a favor da democracia, visto que viveu em tempos pesados de guerra. 
 
Sobre seu gesto de criar, ele diz: “Rabiscar, riscar, atuar sobre a tela são atividades humanas que, para mim, parecem tão imediatas, espontâneas e simples como dançar, ou as cabriolas de um animal que se pavoneia, corre, saltita. Uma planta que brota, o sangue que pulsa, tudo que germina, cresce, explode com vitalidade, com a força da vida, com sofrimento ou alegria, todas essas coisas podem encontrar sua encarnação peculiar – seu próprio signo – em uma linha desenhada que pode ser suave ou flexível, curvada ou ereta, rígida ou muscular, e em manchas de cor, estridente, alegre ou sinistra.”
 
Em épocas difíceis, ele confessa: “Meus desenhos estavam atravessados por traços entortados, estranhos, enlameados, desesperados como arranhões. Era uma pintura veemente, revoltada como eu mesmo.  Eu tinha a sensação de haver sido enganado. Fora alguns franceses que haviam sido mobilizados, os pintores todos haviam passado a 
guerra refugiados em algum lugar. eles não haviam parado de trabalhar, de progredir.”
 
No final do ano de 1933, em meio ao seu retorno de Saturno, que reflete uma época de fechamento de ciclo e de decisões importantes, ele diz: "Em fins de 33 /.../ eu entendi que o caminho que eu havia tomado há uns 10 ou 11 anos antes era o verdadeiro para mim. Olhei enfim para meus antigos desenhos do tempo de escola. Larguei tudo e recomecei por eles."
 
Essa confissão decide sua vocação e caminho pela vida. 
 
Um grande trígono em signos de ar (Libra/Marte, Saturno/Aquário e Lua/Plutão/Gêmeos) lhe facilitariam o sucesso na arte e pintura. Digamos que o T-Square em signos cardinais Mercúrio/Capricórnio, Marte/Libra e Júpiter/Áries) com ponto Apex no planeta Mercúrio, lhe fariam preferir a comunicação cuidadosa e pelo gesto físico na exploração fecunda dos recursos, como se observa em suas várias fases.  

 
Ficou em mim a impressão de que, como sempre, a arte é expressão de vocação e de alma. Das possibilidades mais incríveis da natureza humana. ou como ele mesmo diz, espontânea e que "explode com vitalidade, com a força da vida".   
 
Para mais informações, visite o site do CCBB ou leia o arquivo:
 

sexta-feira, 2 de janeiro de 2015

AS BANDEIRAS E A VIDA

A matéria de jornal falava da aproximação entre Cuba e EUA depois de décadas de afastamento. Foi uma notícia que recebi como um presente de caráter pessoal com alegria que extrapolou os limites do bom senso. 

Como a foto que ilustrava a matéria chamou minha atenção, entrei em seus detalhes, nos limites concretos dos objetos e das coisas. 

Andei pela pintura descascada das paredes, pelos metais sem brilho e enferrujados das balaustradas da sacada e pelos contornos de madeira das janelas. Mergulhei na aparência decadente do prédio.

Em vasos de variados tamanhos, a vegetação ganha uma função decorativa e outra de respiração sobre o caráter envelhecido de tudo. Uma gaiola, com pano em cima, esconde um passarinho?  Um sol traz luz e provoca sombras.

Sobressai, entretanto, a imagem colorida de duas bandeiras colocadas juntas, duas nações que se aproximam. Meu olhar parou buscando o que elas ganham de função nesse cenário cheio de sinais de um tempo de estagnação, como se um passado tristemente longo teimasse em se fazer presente. 

Que significados elas têm? Será um colorido fresco e renovado, uma aragem de futuro?

Mas, é a pessoa que me interessa mais. Fixei o olhar nessa possível autora do arranjo que está na sacada. Mergulhei em seu íntimo procurando seus sentimentos. Tentando descobrir em sua vida os tempos anteriores à possibilidade desse arranjo de bandeiras.  Decepção, frustrações acumuladas? Desejos contidos? Vivi suas dores. Senti os olhos opacos. Uma dor no peito que lembrava a renitente restauração da desesperança. Foi tempo demais.  
   
E também senti sua alegria atualizada. Não, isso seria impossível. Senti somente o mero reflexo dela na alegria possível a mim. 

Tal imagem movimentou meu cotidiano que foi revolvido de várias maneiras. Não entrei no viés político. Meu interesse é a experiência humana acima das crenças e ideologias que costumam se mostrar incompetentes e precárias.

Nesse clima passei o Natal. Esse acontecimento batizou os meus momentos de comemoração, abrindo imaginados e longínquos espaços de uma ilha no Caribe onde nunca estive.

Estabeleci parceria com essa pessoa na sacada. Para ela a esperança voltou. Da sacada ela olha uma nova realidade. Ela me visitou e ficou. Inspirou-me. 

Essa foto foi guardada como o mais querido presente deste Natal. Esteve comigo na passagem para o novo ano.  

Também está hoje, e talvez ainda ficará como um símbolo ao longo do tempo.