sábado, 20 de dezembro de 2014

AS ESCOLHAS DE MATHEUS NACHTERGAELE

Em uma entrevista, Matheus Nachtergaele, ator e diretor do cinema brasileiro contemporâneo, falou dos filmes de sua vida. Depois disso, fui verificar se em seu mapa algo que justificaria suas escolhas.  

O primeiro filme citado era um super oito, digitalizado de trechos com cenas familiares. Nele Matheus, que perdera sua mãe enquanto ainda era bebê, conheceu sua mãe na época da infância dela. Segundo ele, foi o presente mais bonito que o cinema lhe deu.

O segundo foi A balada de Narayama, filme japonês de 1983 de Shohei Imamura.  Conta a história (final do séc. XIX) de uma mulher que faz  sacrifícios para tornar melhor a vida de seus dois filhos e nora.

O terceiro filme citado por ele foi La Luna, de 1979 de Bernardo Bertolucci, que trata da vida turbulenta de um jovem e a relação com seus pais, especialmente com a mãe incapaz de educar e impedir que ele se perdesse em caminhos perigosos.

Fui ao mapa: 3 de janeiro de 1969 em São Paulo (sem horário de nascimento). Eu já tinha hipóteses, assim como você também deve ter. O aspecto que talvez seja o principal é Lua em Câncer. Mas ela está em oposição ao Sol em Capricórnio, indicando uma necessidade de equilibrar questões emocionais e de autoridade no mundo material. A conjunção de Júpiter e Urano em Libra dá–lhe a percepção da importância da educação e do conhecimento. Netuno (Escorpião) em quadrado a Vênus (Aquário) lhe faz sentir a falta do amor nas relações de forma frustrante passando por ilusões e desilusões. Mercúrio (Capricórnio) em trígono a Plutão (Virgem) surgiu na fala lenta e cuidadosa, na profundidade das colocações que procurava a palavra correta e mais adequada ao que interessava ser expresso.

Nessa entrevista ele abriu seu coração e vida de forma generosa, tendo marcado o papel da mãe nos filmes e na sua também, como uma maneira moral de se formar uma pessoa. Ele confessou que Odim (do filme japonês) fez o que sua mãe não tinha conseguido realizar por ter morrido muito cedo: o papel de educar e de cuidar dos filhos.



Foi uma oportunidade única de conhecer a sensibilidade e inteligência de alguém tão talentoso.  

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

DANDO SENTIDO À VIDA

Qual é a relação entre mitologia e astrologia? e dessa relação com nossas vidas?
 
No livro Astrologia Viva (Barcelona: Ediciones Obelisco, 2005), Barbara Shermer nos conta que os mistérios de Elêusis (rituais de iniciação ao culto de deusas agrícolas Deméter e Perséfone) funcionavam como uma vivência que poderia transportar os indivíduos a uma compreensão maior da vida. No nível mais explícito, eles significariam a morte e renascimento da natureza que alimenta a vida. 
 
No capítulo intitulado "A ASTROLOGIA E OS DEUSES" ela estabelece a relação desses ritos com a astrologia dizendo: "Os mistérios de Elêusis representavam a experiência morte-renascimento que os astrólogos reconhecem como o processo do arquétipo de Plutão na psique individual. Os arquétipos e mitos astrológicos dos deuses e deusas se inspiram nas mesmas fontes. A mitologia contém as manifestações particulares dos arquétipos em seus diferentes padrões. A astrologia incorpora dez destes arquétipos essenciais (e muitos mais) em uma linguagem para sua compreensão."    
 
Ainda segundo a autora, esse acontecimento ritual promovia uma comunhão e representação do mito que "ressoava com uma verdade que estava mais além da fronteiras culturais" e "proporcionava aos fiéis eleusinos uma experiência cósmica. Se os arquétipos astrológicos surgem dos mesmos reinos profundos e inconscientes da mente como deuses e deusas, então dar vida aos símbolos astrológicos deveria proporcionar o mesmo tipo de comunhão.
Se, por exemplo, aprendemos a expressar ativamente nosso Plutão, dando a ele vida conscientemente, então já não negamos ou reprimimos seu poder e assim podemos evitar as costumeiras explosões de emoção ou conflito que o caracterizam.
Ao encarnar a verdade simbólica deste planeta aprendemos a utilizar nosso próprio Plutão de uma forma mais consciente: penetrando em seu poder, transformando-o e assimilando-o."
 
Barbara Schermer sugere que nesse caso os planetas deixam de ser imagens mentais isoladas e passam a ser experimentados como ritmos vitais que revelam sentimentos subconscientes mais profundos e aspectos do ser não anteriormente expressados.
 
Daí que "O mapa deixa de ser então uma coleção de dados estáticos em branco e preto, unidimensional, com símbolos e signos inanimados e se converte em um campo em movimento de ação planetária: vibrante, interativo e vivo!"  
 
É isso. A relação entre mitologia e astrologia pode nos fazer ir mais além do nível explícito da vida material.
Ela nos abre a possibilidade de um significado maior em nossa experiência se tivermos uma postura de compromisso própria a um ritual ao entrarmos em contato com os símbolos do mapa astrológico.
Cabe a nós darmos abertura para essa possibilidade na intenção de dar mais sentido à vida.
      
(nossa tradução do texto em espanhol)  
 
 

quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

RAZÕES PARA MORRER

Brittany Maynard, uma mulher jovem, recém- casada e bonita, apareceu na mídia por causa de sua decisão de se submeter a um suicídio assistido em razão de um câncer agressivo no cérebro. Isso gerou por aqui e em outros países debates a respeito de ética médica, de questões judiciais e religiosas.

O que chama a atenção é a idade em que se deu essa decisão na vida de Brittany, nascida a 19 de novembro de 1984, em Anaheim na Califórnia. No dia primeiro de novembro, poucos antes de completar trinta anos, ela deu fim a sua vida, rodeada de amigos com um coquetel de barbitúricos com prescrição médica.

Estava no final de seu Retorno de Saturno (outubro de 2013-novembro de 2014). Qual era seu desejo? Morrer com dignidade, já que não lhe sobrava muita alternativa de acordo com o diagnóstico médico, além da continuidade de dores insuportáveis em direção à morte.

Partiu em busca das circunstâncias adequadas a esse desejo, na fase do retorno de Saturno que é uma tarefa a ser cumprida e um exercício de autoridade em nossa vida. Ela conhecia suas limitações e tinha um senso de realidade (Vênus e Júpiter em Capricórnio). Ela sabia que tinha compromisso com o social a sua volta (Lua em Libra e Marte em Aquário).

Mas, para Brittany, tomar essa decisão talvez não tenha sido tão difícil mesmo tendo que romper com as expectativas mais simples da natureza humana que é viver:   Sol em conjunção com Saturno em Escorpião e em conjunção exata com a Cauda do Dragão. Decidir pela morte pode ter dado nova direção a sua existência, um sentido às aspirações de sua alma. Foi uma decisão com a força de sua inteligência brilhante e visão mais ampla dos desígnios da vida (Mercúrio em conjunção com Urano em Sagitário).

Talvez ela tenha contado com outro trânsito importante para essa decisão (além do Retorno de Saturno): o quadrado de Plutão/ Urano em trânsito no seu quadrado natal Lua-Libra/Júpiter-Vênus Capricórnio. Esse conjunto pode ter  assoprado no ouvido de Brittany a existência de outros limites imponderáveis de liberdade depois desse contato com uma realidade incontornável.  Junte-se a isso um chamado da alma, uma intimidade solitária e responsável sendo mobilizada.

Em suas últimas palavras, ela professa o único sonho que lhe cabe, pensando em outras pessoas em situação parecida à dela. Manifesta então uma noção dura da existência colorida por uma visão idealista e nobre.

Por amor, um tipo em que entra Vênus/Júpiter em Capricórnio e os desígnios dos outros signos de seu mapa natal, ela diz: “My dream is that every terminally ill American has access to the choice to die on their own terms with dignity. Please take an active role to make this a reality.” – Brittany Maynard, October 24, 2014