segunda-feira, 28 de março de 2016

OS ECLIPSES: SIGNIFICADOS E DURAÇÃO

A astrologia nos traz informações importantes para compreender os eclipses, fenômenos astronômicos que não são tão raros como imaginamos. Qual é o significado que eles têm? Robert Hand nos traz dados para pensarmos a questão.


Os eclipses: significados e duração


Ente os antigos egípcios, os chineses e tantas outras culturas, os eclipses eram vistos como eventos dramáticos e misteriosos. Sem explicação para esses fenômenos, os seres humanos só podiam se perceber frágeis perante forças incontroláveis.

Hoje em dia, temos explicações racionais e científicas. Além disso, o conhecimento astrológico nos traz informações de outra ordem. Os eclipses têm impacto do ponto de vista mundial (coletivo) e também pessoal (individual). Este nível pessoal é o que me interessa neste momento. Seus significados mais comumente aceitos são de desaparecimento e/ou perda de algo na área afetada pelo eclipse. Pode também ser percebido como elemento de ênfase em pontos já aspectados por outros planetas. Eles funcionariam, nesse último caso, como disparadores de efeitos possíveis nos aspectos sensíveis do mapa na época do fenômeno.

Mas, outra possibilidade menos comentada seria interpretar o eclipse como uma janela ou intervalo de oportunidade. Um tempo de interrupção em certa ordem de acontecimentos para a revelação de outras. Uma abertura para mudanças de perspectiva.

O cinema já aproveitou o eclipse como uma oportunidade especial em um filme, Feitiço de Áquila de 1985, que nos traz a história de uma maldição que afasta um casal de amantes. Enquanto ela, durante o dia, se transforma em um falcão, ele toma a forma de um lobo negro à noite. Momento mágico é aquele em que dentro do perído de um eclipse, eles podem enfim se encontrar. Essa é a simbologia de um desvão de tempo.

Essa janela de tempo é oportunidade especial e o mapa astrológico nos diz em que áreas da experiência podemos aproveitá-la.

Os eclipses devem ser observados como um ciclo em que há aproximação e afastamento, pois se trata de um tipo de trânsito. Por isso, há um tempo de influência do fenômeno . Nesse caso, ele pode chegar a seis meses: uns dois ou três meses antes, enquanto o desenho se constrói, e mais dois ou três para diluir seus efeitos enquanto se desmancha a energia do evento. A energia se acumula e depois que acontece necessita de tempo para desfazer a força do aspecto.

Esse movimento também pode ser percebido como um ciclo temporal em que uma experiência se desenrola. Sob este aspecto é importante observarmos os acontecimentos com uma lente flexível para podermos pontuar o que é realmente relacionado ao eclipse e o ponto de nosso mapa natal em que ele se posiciona. Poderá ser ao longo do tempo em que o eclipse atua (alguns meses antes e depois) e não necessariamente no dia ou semana em que ele se torna efetivo astronomicamente. É necessário cuidado para avaliar que experiência de vida está sendo acionada pelo evento astrológico, pois em geral temos vários deles acontecendo ao mesmo tempo no mapa natal.

Quanto ao tempo de ocorrência, vejamos o que Robert Hand nos diz a esse respeito.

Em seu livro Planetas em Trânsito (Gloucester: Para Research, 1976. pág. 32) ele explica: “ Eu não me incluo entre aqueles que acreditam que um eclipse pode ter um grande efeito anos depois, a menos que ele tenha sido reforçado por mais recentes eventos de trânsito. Estranhamente, o trânsito disparador às vezes precede (o sublinhado é do Robert Hand) o eclipse por um par de meses. Isto pode parecer à primeira vista peculiar, até que percebamos que um eclipse indica o encerramento de um ciclo maior entre o sol e a lua e que esse ciclo ocorre o tempo todo e não apenas quando o sol e a lua eclipsam um ao outro. ”
Eles devem ser observados com atenção na oposição e na conjunção de aspectos do mapa astrológico a serem analisados. Seus efeitos serão mais intensos quanto mais exata for a órbita. Em 2015 tivemos três. Este ano teremos mais dois além dos dois deste quente mês de março (dias 8 e 23). E em 2017, teremos mais quatro.

Vale a pena observar eclipses com cuidado. Sejamos atentos. Oportunidada para não ser perdida.

Uma observação final. Howard Leslie Cornell, no livro Encyclopaedia of Medical Astrology (1972, p. 193) nos diz que “o efeito de um eclipse do Sol dura um ano para cada hora que o sol é eclipsado e um mês para cada hora que a lua é eclipsada.” Robert Hand não concorda com tal possibilidade. Porém, somos livres para observações e pesquisa a respeito do assunto.

Quem se habilita?

Para mais informações a respeito de eclipses, entre no link http://coisasdoimaginario.blogspot.com.br/2015/10/eclipses-uma-outra-perspectiva.html



quinta-feira, 24 de março de 2016

A ARTE E A EXPERIÊNCIA DO TEATRO

“Vocês trabalham para quê? Eu acredito que
a única finalidade da ciência está em aliviar
a canseira da existência humana.” 
Galileu Brecht

Qual é a relação que existe entre a vida de Galileu, Bertold Brecht e as montagens teatrais da peça desse autor a respeito do cientista? O que é essencial na arte do teatro? Para tentar responder a essa questão, passemos por Galileu, por Brechet e pela experiência do teatro.

O ASTRÔNOMO E O MATEMÁTICO, A CIÊNCIA

Galileu, italiano de Piza nascido em 1564, foi matemático, físico e astrônomo. Mas essa é uma visão sintética do currículo de quem foi entre outras coisas um dos fundadores do método experimental e da ciência moderna. A partir de 1610, com um telescópio já existente aperfeiçoado, ele explora os céus e por cálculos matemáticos consegue prever o movimento dos astros. Assim, comprova a doutrina de Copérnico a respeito do centro do universo: é a Terra que se movimenta e gira em torno do sol. Depois disso sua vida seria ensinar as verdades da ciência e propagar o novo modelo de universo. Mas isso estava em desacordo com os dogmas da Igreja. Era o século XVII e a Contrarreforma instalava os tribunais da Inquisição.

Sob o jugo pesado dos conceitos religiosos, ameaçado de tortura, Galileu nega suas ideias publicamente. Em 1633, é mandado para prisão domiciliar. Nos anos de reclusão até sua morte em 1642, ainda teve tempo para escrever seu importante livro Discorsi (Discursos). 

Dessa vida genial, Brecht fez uma leitura.

O DRAMATURGO E ESCRITOR, A ARTE DE BRECHT

O texto de Bertold Brecht (1898-1956) a respeito de Galileu ganhou mais de uma versão. Ele escrevia a terceira quando morreu. No teatro, esse texto ganhou duas representações: uma em 1968 (Teatro Oficina/SP, com Cláudio Correa e Castro) e outra em 2016 (Teatro Tuca/ SP com Denise Fraga).

Segundo Fernando Peixoto (1937-2012; diretor e ator em 68), nessa época havia uma crise política do significado das teorias novas em conflito com o arcaico (*). Ele continua dizendo que a descoberta do novo entrava em choque com o poder. “Era uma discussão sobre aspectos da ditadura.”

Partindo do mesmo texto, tais representações são iguais? Em essência, sim. Mas por acontecerem em tempos históricos diferentes, cada uma manifesta aspectos particulares cujos significados incorporam dados do contexto em que foram montadas. Além disso expressam preferências do diretor e da equipe que elaborou a montagem em áreas de várias especialidades. São atores, cenógrafos, músicos, iluminador, preparador vocal, figurinista etc. 

O que vai ser posto em cena irá representar a intenção do diretor. Ele rege tudo. No caso da montagem de 2016 foram necessários maquiador, marceneiros e serralheiros por certas escolhas para a encenação. 

Os textos de Brecht sempre trazem à tona questões políticas, o que se repete nas duas representações citadas. Na atual, não faltam alusões às manifestações políticas. A diretora Cibele Forjaz constrói uma personagem perto de nós. Galileu é guloso e ciumento da filha, gosta de mulher, escova os dentes.

Em ambas Galileu representa a angústia humana e o dilema existencial das escolhas e a luta entre a razão e o dogma da fé. 
Então, quando li no ano passado, que haveria outra representação de Galileu, acompanhei nos jornais, nas entrevistas da TV e do rádio. Tinha saudades daquela época em que o teatro chegava a mim acompanhado de entusiasmo. Era uma descoberta da cultura e da arte. Então, percebi que ao longo dos anos, tinha guardado Galileu dentro de mim, nos meus olhos e no meu coração.

Tudo isso faz a grandeza do teatro: o trabalho de equipe sobre um texto magistral que se sustenta ao longo do tempo e que suporta várias leituras. 

Mas, há um aspecto da experiência pessoal junto ao teatro que compete a cada um de nós particularmente. O palco cria um pedaço de realidade especial, como se fosse um pouco mágica. Este aspecto talvez seja o mais essencial de todos.

UMA EXPERIÊNCIA MUITO PARTICULAR

Eu assisti à primeira representação de Galileu em 1968 quando estava na faculdade. Era uma época de turbulência política. Ditadura. 

Em sala de aula, eu estava tendo aulas de teatro com Décio de Almeida Prado. Presenciávamos ao vivo nas encenações de um teatro muito vivo naquela época, o conteúdo sobre o qual ele discorria na sala de aula. 

Há uma sensação boa e uma imagem na memória. Mas era intensa. O ator Cláudio Correa e Castro (1928-2005) como Galileu, sob a luz de um holofote, imenso e solene dizia um discurso. Era um ritual, uma cena que se enchia de significados. Por que motivo tal imagem resiste em minha memória?

Ela me fez reviver o Galileu de 68. O mesmo Galileu que, de acordo com a frase de epígrafe, para sempre nos lembrará que precisamos aliviar a canseira da existência humana. Não terá sido fácil negar suas descobertas para sobreviver. De alguma maneira essa história de Galileu e o contexto daquela experiência de teatro me contaminou. E isso talvez seja o essencial na arte e no teatro. As camadas de sensibilização possíveis, a experiência particular.

No teatro, a encenação nos conduz para uma dimensão fora de nossa vida cotidiana. A representação artística cria outro nível de experiência existencial. Há um drama humano que se desenrola no palco. Artistas incorporam personagens e se movimentam em um cenário. Tudo isso é uma fantasia que vira realidade. E somos convidados a nela acreditar. Vale a pena não contrariar. O essencial é a entrada no mundo da verossimilhança. E extrair de todo esse conjunto o máximo possível. É a arte falando da vida.

Dessa forma, podemos acreditar que Denise Fraga é Galileu, com voz e autoridade masculina. Com uma peruca avermelhada e roupa de época, uma barriga falsa que vai crescendo à medida que a personagem vai envelhecendo, mais uns gestos e caras e, temos Galileu, homem e cientista. 

Este é um relato subjetivo que cabe no tempo de rápida leitura. Mesmo não recordando o significado daquele discurso, ele fecundou cantos de mim com beleza e sedução. Havia um peso naquela voz, uma seriedade naquela roupagem e mistério na iluminação. Reverberação. Tudo conspirou para que minha memória guardasse para sempre essa imagem. 

Foi assim que se organizou uma rede estética: alguns aspectos da vida e obra de Galileu foram manifestados em um texto de Brecht que virou encenação e me tocou. Muitas personagens participaram dessa roda de muita arte. Que possivelmente tocaram muitas outras pessoas como aconteceu com esta singular passagem que me acompanha ao longo do tempo. 

Uma pergunta final. O que Denise Fraga teria a dizer para seu professor Cláudio Correa e Castro que também viveu Galileu? Tendo se exercitado com ele na arte da representação o que eles se diriam se essa conversa fosse possível um dia?


(*) BALBI, Marília. Fernando Peixoto. Em cena aberta. AP: Imprensa Oficial, 2009. p.68




segunda-feira, 21 de março de 2016

HISTÓRIA DA ASTROLOGIA EM SÃO PAULO


Pesquisar a história da astrologia em São Paulo? Para quê? Por que motivo? Veja de onde surgiu essa ideia e como está sendo desenvolvido um trabalho de pesquisa a esse respeito.

HISTÓRIA DA ASTROLOGIA EM SÃO PAULO 

A astrologia desenvolvida no passado pode interessar aos astrólogos de hoje em dia? Explico melhor. Saber que escolas, profissionais e eventos se fizeram presentes tem alguma relevância para astrologia da atualidade?

Não será difícil concordar que esse passado pode ser interessante, mesmo sem termos clareza das razões para isso.

Na verdade, podemos levantar muitos argumentos na defesa dessa ideia. Esse passado representa épocas com características próprias, suas dificuldades e facilidades. Ele pode ter significados que o identificam e que podem nos ajudar a entender o momento presente da astrologia. E pode até mais argumentos a favor dessa ideia.

Além disso, perguntamos por que motivo em São Paulo? A astrologia em São Paulo nos oferece um quadro de manifestações de complexa variação. Seria ousadia demais, verdadeira imprudência, tentar ir mais longe.

Visite o blog e conheça o projeto que se desenvolve a respeito desse assunto. http://historiastrologsp.blogspot.com.br/

Ana Maria M González
Coordenação