Ah! O Amor tão cantado em verso e prosa.
“Que seja infinito enquanto dure” já dizia o poeta. E os relacionamentos?
Curtos ou duradouros? Até que a morte
vos separe? Alma gêmea, a outra metade da laranja... Seria mesmo o Amor entre
duas pessoas capaz de durar infinitamente?
Em um sábado, durante o chá de fim de
tarde, essas perguntas que tantas e tantas vezes permearam minha mente, parece
terem encontrado a resposta.
O tio Pedro é um viúvo recente, coisa de
seis ou sete meses, não me lembro bem.
Ele foi uma figura presente na minha
infância, um homem muito doce, sorridente, mas, seus lindos olhos verdes sempre me pareceram
esconder uma história misteriosa. E hoje, ao vê-lo com 80 anos, concluo que na verdade, escondem uma tristeza, uma inexplicável
saudade.
Estamos conversando sobre relacionamentos,
ele me conta que seu casamento fora bem tradicional, tinha durado mais de 40
anos, ele tinha sido feliz com sua esposa, constituído família, teve seu único
filho que lhe deu três netos e...
Então,
nesse momento, a campainha toca.
Meu primo se levanta para atender a porta e, de repente, todos na sala
se voltam ao ouvir meu tio atônito dizendo:
- Bete?
É você mesma? O quê você está fazendo aqui, mulher?
- Bete? Quem é Bete? Todos nós nos
perguntamos.
- É a prima Bete da Bahia, diz meu pai,
quase pulando do sofá, com ar de
cumplicidade.
Rapidamente, meu pai se aproxima para abraçar a senhora que acabara
de entrar na sala com uma pequena valise de viagem nas mãos.
Ela era uma mulher linda, de meia idade,
pouco mais de 70 anos, elegante, altiva, com cabelos ondulados esbranquiçados,
lindos olhos esverdeados e com aquele sotaque encantador, de baiana que viveu sua vida toda numa cidade
bem próxima de Salvador.
Pois é, a prima Bete assim que soube da
viuvez do tio, terminou seu casamento de quase 40 anos, pediu o divórcio e voou
para São Paulo. Veio disposta a aceitar o pedido de casamento que ele lhe havia
feito há 50 anos. Desta vez, Bete veio
pedir tio Pedro em casamento, veio para ficar com o grande amor de sua
vida.
No mês de setembro, como sonhou a noiva,
com a chegada da primavera, teremos mais
um casamento na família: “ Pedro
Alcântara ( 80 anos) e Elisabete Bastos (75 anos) convidam para a cerimônia
de seu enlace matrimonial”.
Na família, todos os solteiros de plantão
respiram agora aliviados. É a esperança que se renova. E que toquem os sinos, que venha o casamento
e que o amor seja infinito enquanto dure...
Autor:
Adenair Vazz