A EXPERIÊNCIA E A ARTE

E a noite foi sua, Arcádio Minczuk. As peças da primeira parte do concerto o fizeram primeira estrela, enquanto solava as melodias que sua respiração e alma assopravam.
Com a voz emocionada ele contou um pouco de sua vida com a orquestra: as alegrias e as dificuldades nas crises. Mas, dessa história, sobressai também a atitude paterna, a orientação da família que, embora imposta, deu certo.
Porém, como saber o que está correto? O tempo diz se erramos ou acertamos, por uma ordem que não é lógica. Não há cartilha para nos dar o caminho. Nesse caso, houve acerto e, pela disciplina e confiança; a arte construiu uma vida de sucesso. Que se faça também homenagem à atitude do pai!
Ainda naquela noite, na segunda parte do concerto, ouvi o ciclo completo (orquestrado somente) de Richard Wagner, em O Anel de Nibelungo. Uma de suas peças, As Valquírias, me lembrou um filme impressionante, Apocalipse Now. Intensidade e paixão, tons de drama. E a incrível cena de helicópteros se preparando para atacar.
Conversando com amigos, me dei conta de que para mim, aquele filme começava naquela cena com aquela música. E ela não sai da memória e é significativa em relação ao filme, mais ainda depois desse concerto em que senti todo o clima que inspirou Wagner em sua composição.
É esse um dos poderes da grande arte: marcar experiências estéricas individuais. E, com sorte e afinco, marcar vidas, como a do oboísta na expressão correta de seu talento.
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