sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL NA ASTROLOGIA

Ana Maria Mendez González

Como têm sido formados os astrólogos profissionais ao longo do tempo? Que mudanças podem ser observadas hoje em dia? 

O ESTUDO E A FORMAÇÃO DO PROFISSIONAL NA ASTROLOGIA       


Em geral, os profissionais de variadas áreas têm formação escolar ou acadêmica. Com os astrólogos ocorreu algo um pouco diferente. Houve grupos em torno de um professor, a presença de escolas e o caminho do autodidatismo. O que essas maneiras de formação do profissional têm a nos contar? E o que as mudanças que vieram junto das redes sociais acrescentaram nesse quadro?

O astrólogo autodidata talvez tenha sido o mais raro. António Olívio Rodrigues, profissional no começo do século XX é um exemplo deles. Ele chegou à Astrologia por influência de estudos filosóficos e de trocas com parceiros. Mesmo sendo difícil, esse deve ter sido o caminho de muitos astrólogos sem que tenhamos condições de dimensionar essa presença com mais dados. Podemos supor que hoje em dia, com os meios digitais essa presença possa ser ainda maior do que em outras épocas. Ou, que os meios digitais tornaram mais complexa essa formação.

Os grupos de estudo em torno de professores têm sido desde sempre mais comuns e eles podem durar anos a fio. O professor organiza o conteúdo e a parte teórica de acordo com suas escolhas particulares e procura cumprir a formação de seus alunos. É um caminho de múltiplas possibilidades, sendo muito populares as apostilas, copiadas e repassadas entre os participantes dos grupos. Podemos citar alguns dos primeiros que reuniram alunos: Antônio Facciollo, Hélio Amorim, Waldyr Fücher, Juan Alfredo Cesar Müller, entre os mais antigos. Depois vieram outros e até hoje esses agrupamentos são hábito recorrente e tem sido responsável pela formação de quantidade enorme de profissionais.
Instituto Paulista de Astrologia

As escolas muitas vezes são consequência dessas figuras de professores agregadores que algumas vezes instituíram escolas como o professor Waldyr Fücher que depois de dar aulas por longos anos fundou a Escola Regulus.
Escola Regulus de Astrologia

Apesar de demandarem esforço e investimento, as escolas aconteceram em maior ou menor quantidade maior dependendo da época. Mas, sempre trouxeram marcas particulares em suas atividades. Algumas com vida longa, outras apesar de não terem permanecido ativas por muito tempo, tiveram uma forte presença por eventos, publicações ou ressonância entre o público.


               QUAL É A MELHOR FORMAÇÃO ?

Difícil dizer qual dessas possibilidades de formação foi a melhor. Cada uma apresenta seus prós e contras, gerando um tipo de profissional. Atualmente, com as redes digitais multiplicam-se as possibilidades. Mas, permanecendo na era antes da internet, que aspectos podemos identificar nos três tipos apontados para a formação do astrólogo?

O autodidatismo passou pelo perigo de uma perspectiva subjetiva e parcial. Esse perigo pode se repetir nos grupos de estudo. A menos que o estudante tivesse feito um rodízio por mais professores, ele pode ficar limitado à perspectiva de um só professor.

As escolas ampliaram a oferta de conteúdo. Elas podem ter apresentado (ou não) um currículo organizado e esse aspecto nem sempre foi preocupação como ocorre hoje em dia. Não havia um consenso a respeito dos conteúdos a serem elaborados, a quantidade de disciplinas ou o tempo de aulas. Tais variações são justificáveis e não impediram que as escolas tivessem um papel importante. Hoje em dia elas estão mais harmonizadas em relação aos critérios de currículo didático. Embora haja diferenças entre as escolas, isso já está mais na pauta do aluno e candidato a astrólogo.

Aos poucos foi sendo elaborado um currículo mínimo embora haja diferenças entre as escolas, isso já está mais na pauta.

As redes sociais e a facilidade de comunicação têm trazido aspectos diferentes nessa questão. Multiplicaram-se as possibilidades de estudo e de trocas de conhecimento. Tais aspectos se contrapõem ao contexto dos anos 50 ou sessenta. Omar Cardoso, um nome da mídia, teve sucesso e popularidade. Divulgou o nome da astrologia para grandes massas de audiência. Escreveu o Romance da Astrologia). Não consta que ele tivesse um diploma (pode ser que tenha tido) ou certificação para o exercício de seu talento.
Talento: comunicador e divulgador da Astrologia

Essas características históricas que têm funcionado para a formação dos astrólogos (especialmente antes da internet) valem a pena serem conhecidas. O autodidatismo e até a informalidade não impediram o surgimento de bons profissionais. E as três maneiras apontadas podem ter se mesclado em muitas situações. A formação por meio de escolas tem se tornado mais sistemática. E a presença de programas de certificação tem emprestado à formação do astrólogo um caráter mais profissional o que só acrescenta valor perante o público em um clima de maior formalidade em prol de uma melhor formação profissional.

Apesar dessa preocupação que se percebe hoje em dia, há quem diga ser a informalidade está de acordo com as configurações celestes que indicariam a natureza do astrólogo contrária a formalidades acadêmicas e outras. Será que é isso mesmo?

Deixo estas observações como iniciais de um tema que talvez  mereça mais espaço para seu debate.


Nenhum comentário:

Postar um comentário