sexta-feira, 10 de julho de 2015

MAPA ASTROLÓGICO, DIÁLOGO E LEMBRANÇAS

É sempre uma boa surpresa ter notícias dos clientes falando de suas lembranças e experiências a partir da leitura do mapa astrológico efetuado.

Certa vez, recebi um cartão postal enorme de Paris, em que uma cliente dizia: "Sua bruxa, estou em apuros, mas foi como você disse, inesperado e forte... Achei o amor por aqui e criou-se uma difícil situação..."

Muitas vezes essa comunicação se dá por telefone:

- Sabe, Ana, aconteceu tudo como você previu... deu tudo certo...

Do lado de cá do telefone, no primeiro momento eu vivo a alegria de ver o contato estabelecido e vivo, o diálogo acontecendo entre o meu trabalho e as pessoas. Um pouco de vaidade. Logo depois, com um frio percorrendo a espinha, entro por emoções desordenadas. Na verdade, o que meu cliente está falando me preocupa por vários motivos.

Minha memória nem sempre registra ou conserva os dados. Ao sair do meu consultório, o cliente leva consigo tudo o que foi dito. Permaneço com o calor da presença amiga. E ela também deixa comigo sua esperança. Os motivos de minha pouca memória? Talvez se trate de algo entre defesa emocional ou cansaço intelectual. Felizmente, na maioria das vezes a lembrança volta quando conversamos ao vivo.


Os outros níveis são mais delicados de tratar. Será que acertei mesmo assim como as pessoas dizem? Tenho esse poder todo?

Elas vêm buscar algo, como uma resposta ou um alívio e o mapa é o instrumento para que a questão possa ser elaborada. Mais raramente, a pessoa vem buscar elementos para seu autoconhecimento. Em ambos os casos, eu lhes ofereço uma análise do mapa de nascimento através da linguagem astrológica.

O mapa do nascimento é instrumento objetivo: identifica características, vocações e dificuldades, discrimina direções, indica alternativas possíveis. Mas ele é também passível de vários níveis de interpretação. Aí entra meu temor. Guardo uma indefinível sensação de ter nas mãos algo muito delicado. Um descuido no uso das palavras pode ser desastroso. As possibilidades de compreensão dependem do nível de consciência de cada um.

Ou seja, a elaboração dos conteúdos vai depender das possibilidades de uma linguagem comum entre eu e a pessoa a minha frente.

Na verdade, os elementos intermediários desse diálogo são dois: os símbolos astrológicos e a linguagem propriamente dita. A leitura desses símbolos deve ser expressa de forma a ser compreendida pela pessoa a quem ela se dirige. Tal diálogo permitirá, então, que a pessoa utilize as informações astrológicas conforme suas necessidades. O valor do discurso e das palavras utilizadas estará a serviço de descobertas e de respostas e para isso devem permitir o estabelecimento de uma relação com a pessoa a quem se destinam. Trata-se de um encontro sutil que possibilitará também uma espécie de catarse, um efeito químico de necessidades satisfeitas. O poder não foi meu, mas de um contexto de aspectos em cuja lista se incluem a atuação do profissional e certa prontidão do ouvinte.  

Aconteceu nosso encontro? Comemoremos. Há muito que ser celebrado.

Certa vez, recebi um cartão que dizia assim: “Lembrei-me de você.” E a imagem era um canteiro cheio de flores coloridas, cheias de sol e de brilho. Em uma cidade do Canadá, em um mês de primavera quase verão.

A generosidade desse gesto talvez seja sinal de um diálogo que se alongou, de um encontro de sucesso. De que a linguagem astrológica ecoou. Fez-se lembrança.

Ela merece meu agradecimento. Ela reafirma o contato e abre outros espaços de relacionamento. Como diz a propaganda, isso não tem preço.



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