
Aqui estamos
nós, minha irmã ao volante e eu de carona, paradas num engarrafamento, tentando
cruzar uma ponte que nos permitirá acessar a Marginal Tietê, sentido centro.
Minha irmã toda pensativa, comenta:
- O mundo
virou de ponta cabeça depois de Woodstock. Como conviver com essa quantidade de
automóveis, ela exclamou.
- Automóveis e
motocicletas, disse eu, fixando meu olhar no vão entre os carros.
Havia uma fila
enorme, um número incontável de motocicletas, motoboys e, logicamente, suas
buzinas de barulho tão irritante.

Comento com
minha irmã que esse motoqueiro era um que estava voltando de Woodstock, e ela
retruca:
- Ah! Ele é
muito jovem. Só, se de repente, ele foi buscar o pai em Woodstock.
- E ele o
encontrou. Veja o que ele leva no bagageiro.
E lá estava no
bagageiro, pendurado um crânio, uma
cabeça usando óculos escuros.
Começamos a
rir muito. Esquecemos, por alguns minutos, da agonia daquele trânsito e
concluímos que alguns dos fantasmas de Woodstock, por alguma razão, desfilam por entre os congestionamentos das manhãs
paulistas.
Esta crônica foi produzida durante o curso "A Crônica: conhecendo e escrevendo. Cotidiano, experiência e criação" no espaço Gaia Cultural em São Paulo/SP, durante os meses de Maio e Junho de 2014.
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