
Foram muitas as justificativas e negativas. Houve também
reticências e até tentativas de me demover da ideia. Outra programação: aniversário,
cinema, um lance que vai pintar.
Quase desanimei. Nem era tanto pelo show. Queria mesmo andar
pelas ruas, entre os prédios, pelo ambiente antigo. Até que no final da tarde,
recebi o telefonema de amiga bem-disposta.

No Largo do Café, entre as ruas São Bento e Três de
Dezembro, em vão, procuramos a animação e as mesinhas na calçada que o recorte
de um jornal prometia. As ruas estavam desertas e com poucos transeuntes.
Seguíamos, levando à frente como escudo, as saudades dessa cidade velha. A
pouca iluminação não fazia menores os prédios que nos rodeavam. A mim, tudo
assombrava.
Moradores de rua dormindo nas portas dos prédios, em caixas
de papelão, cobertores, trapos. Guardas de prédios, uma janela acesa, algum
trabalhador de banco fazendo hora extra de trabalho. O comércio fechado,
dormindo inacessível.

Nos perdemos pela multidão que já se acumulava pulsante.
Havia em mim uma ponta de euforia. Eu era uma no meio de toda gente personagem
de uma festa. Como se naquele momento, houvesse um elo entre todos. Um
significado que me elevava acima da minha pequenez. Ausência e esquecimento de
mim mesmo. Um alívio da subjetividade.
A ansiedade do início estava satisfeita. Um pouco de tudo
sobrava nos meus olhos como uma composição de acordes dissonantes e sonantes.
Som eloquente sob especial batuta dentro do desacordo de tudo o que eu havia
observado. Ruas em parte invadidas por mendigos, praça pública em paz a dançar,
pessoas em busca do mesmo destino em que também me perdera, no meio da
multidão, na larga boca de cena.
Denso de suor, um transpirar em conjunto, um ritmo das
duplas, dos grupos , dos sujeitos, mulheres e homens solitários, tudo formando
o caldo coletivo. Torvelinho de muitos risos e palavras soltas, gestos,
movimentos muitas vezes desordenados, sempre grandiosos, sinfonia, ópera de uma
cidade. De tudo um pouco, ficou dentro de mim.
A amiga? Ela continuou sempre cúmplice nos sustos e nos
medos do trajeto, nas descobertas e nas alegrias. Amiga. Testemunha como eu,
mas principalmente, personagem da cidade vivida intensamente por nós naquela
noite.
Corajosas... O centro da cidade, ao contrário do que deveria ser, é assustador.Tem um lado fascinante.. aqui no Rio é assim também. Morro de pena.
ResponderExcluirTem razão, Analu...não sei se repetiria hoje...rs...vc tb é apaixonada então pelo centro do Rio, sabe como é. Pena mesmo. Obrigada pela presença. Bjs
ExcluirTem razão, Analu...não sei se repetiria hoje...rs...vc tb é apaixonada então pelo centro do Rio, sabe como é. Pena mesmo. Obrigada pela presença. Bjs
ExcluirTem razão, Analu...não sei se repetiria hoje...rs...vc tb é apaixonada então pelo centro do Rio, sabe como é. Pena mesmo. Obrigada pela presença!bjs
ExcluirTem razão, Analu...não sei se repetiria hoje...rs...vc tb é apaixonada então pelo centro do Rio, sabe como é. Pena mesmo. Obrigada pela presença!bjs
ExcluirTem razão, Analu...não sei se repetiria hoje...rs...vc tb é apaixonada então pelo centro do Rio, sabe como é. Pena mesmo. Obrigada pela presença!bjs
ExcluirTemerárias.
ResponderExcluirNão fui convidada e diria não caso o fosse.
Os mendigos não são só mendigos: são drogados ou doentes mentais.
Tem toda razão, amiga sensata...rs ...Varlice, hoje eu não repetia a façanha. Muito bom contar com sua companhia. Bjs
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