Eu estava em Salvador na Bahia para um congresso de Educação que durara três ou quatro dias. Depois das palestras e mesas redondas, cafés e mais cafés, amigos novos e velhos, festas e badalos, surpresas boas e outras nem tanto, pouco dormir e muita agitação, tinha sobrado ainda um domingo de sol.
Essas últimas horas na cidade estavam guardadas para um almoço e convivência necessária junto a um amigo que eu não via há tempo.
Ao chegar, encontrei agitação, barulhos, conversas esparsas pelos cômodos da casa. Talvez eu tivesse chegado em dia de festa? Aniversário? Nada disso. Tratava-se somente de uma coincidência: o almoço reuniria amigos da casa. Eu era mais uma e os barulhos eram bons presságios.
Enquanto eu ajudava no preparo da comida, percebi um movimento na parte de frente da casa, uma espécie de jardim com um gramado. Era uma casa térrea, no meio de um terreno grande, de cômodos amplos, teto alto, fora da agitação urbana. A decoração meio colonial, com móveis rústicos e peças de artesanato me recebeu com calor baiano.

Na verdade, uma cena comum. Todos podemos ter tido algo semelhante. Festividades com amigos, conversas, gargalhadas com gente querida. Mas, eu não podia me distrair da leitura atenta dos vários aspectos. Havia uma produção de significados, algo a mobilizar os sentidos, outro tipo de alimento. Não podia perder detalhes localizados neste ou naquele aspecto da cena, elementos estéticos e éticos. A mesa comprida, a sombra da grande árvore envelhecida pelas intempéries. A generosidade do sol a se infiltrar insistente pela folhagem, a comida preparada a muitas mãos, o olhar participativo de todos. Uma beleza sutil capaz de acalmar turbulências.
Tudo, com certeza, fazia daquela refeição um banquete.

Esse almoço, não havia dúvida, tinha sido uma especial celebração.
Não faltou ainda um grande abraço de despedida.
Oi Ana. Parabéns pelo texto. Embarquei na sua viagem!
ResponderExcluirOi Ana. Parabéns pelo texto. Embarquei na sua viagem!
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