
Relembrei as etapas desde o começo. Ao receber o convite para participar do programa, um alvoroço enorme. Aí então, a primeira fase com preenchimento de questionário. Quando chegou o aviso da entrevista, mais ansiedade.
Alívio quando veio o email de confirmação de participação e o calendário com as reuniões de treinamento.Sensação adolescente! Seriam quatro ou cinco encontros para informações a respeito do clube, das Olimpíadas, da cultura e costumes dos chineses e ainda outros dados necessários para a preparação dos voluntários. Que função teriam eles? Ser um ponto de contato entre os atletas e os sócios, entre outras funções das quais eu não tinha a menor ideia. Nem os colegas com quem eu tive contato. Éramos muitos, cerca de 180 no início.
E quais teriam sido as motivações que teriam levado tantas pessoas a se interessar por um programa de voluntariado no clube? Os jogos e esportes das Olímpiadas? A proximidade junto aos atletas? Mera curiosidade? O kit do uniforme e mochila, lindo?
Com certeza, motivações particulares e diferentes. Mas, havia a solidariedade e disponibilidade comum a todos, certamente.
E para iniciar o trabalho logo se organizou um grupo no whatsapp que fez o papel de contato rápido entre os participantes. As situações eram novas para todos, inclusive para a equipe de organização. Nem eles talvez pudessem ter previsto situações que foram se apresentando e definindo ao longo dos dias.
Dentre todas as situações novas, aprendi particularidades a cada uma das modalidades esportivas. Eram cerca de catorze. Entre atletas, técnicos, equipes médica e outras, eram cerca de 350 chineses. Aprendi também as nossas funções, tais como limpar os tapetes no salão do badmington, água no CIAA ou gelo na natação. Com quem estão as chaves da sala de esgrima? Onde está guardada a TV do nado sincronizado? Os pro-pés estão acabando. Convenhamos que tais funções são bem simples. Mas tinham que ser resolvidas na hora. Sem titubeio. Nunca os edifícios do clube foram visitados tanto em tão pouco tempo. Pernas pra que te quero!
Além desse vai-e-vem entre inúmeras pequenas ações de cunho operacional, ocorreram outras tantas coisas divertidas e carinhosas. Nos plantões de que participei, pude contar com o apoio dos funcionários. Desde os que permaneciam nas recepções e portarias até os responsáveis pela eletricidade, pela limpeza e pela zeladoria. Me pareceu que a aproximação era fácil e o aperto de mão, forte. Cheguei a ganhar uma maçã de um dos seguranças, um mimo a mais. Sinal de uma simpatia com os voluntários?
Houve também a oportunidade de identificar afinidades e desenvolver contatos novos. Amigáveis encontros no QG estabelecido embaixo de uma grande árvore a que eu nunca prestara atenção.

Mas, a parte mais importante não foram esses aspectos mais explícitos. Um certo clima pairou no ar balizando nossas ações. Havia a percepção de exigência e rigor dos técnicos. O compromisso dos atletas, uma referência clara à vontade imensa que dirige o atleta a seu desejo: a competição, a superação de seus limites humanos. O atleta de alta performance chega próximo à representação do herói.
O treino para a atingir a perfeição do gesto, do movimento do corpo. A busca incansável do detalhe. Isso tudo é o que de melhor temos na natureza humana. Tudo ali bem pertinho de nós! Privilégio.

Acredito que foi esse clima um dos aspectos que mais me motivou, junto da alegria e oportunidade de ser voluntária. Fui incorporando, me alimentei dele.
Prefiro imaginar que todos no clube estavam sentindo algo diferente por causa desses atletas olímpicos e desses treinamentos tão próximos de todos.
Por um espaço de tempo, meu clube, o clube de todos os sócios, voluntários e funcionários foi olímpico! Comemoremos!
Que privilégio, Ana! e justamente com uma das melhores equipes desta Olimpíada.
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