Mas , na verdade é muito mais do que isso. Implica em um processo de comunicação com emissor e receptor, cujo relacionamento passa por vieses nem sempre percebidos por nós.
Um pouco da complexidade da leitura aparece neste trecho do Ítalo Calvino, em Cidades Invisíveis:
“Kublai pergunta para Marco:
- Quando você retornar ao Poente, repetirá para a sua gente as mesmas histórias que conta para mim?
- Eu falo, falo – diz Marco-, mas quem me ouve retém somente as palavras que deseja.
Uma é a descrição do mundo à qual você empresta a sua bondosa atenção, outra é a que correrá os campanários de descarregadores e gondoleiros ás margens do canal diante da minha casa no dia do meu retorno, outra ainda a que poderia ditar em idade avançada se fosse aprisionado por piratas genoveses e colocado aos ferros na mesma cela de um escriba de romances de aventura.
Quem comanda a narração não é a voz: é o ouvido.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário