quinta-feira, 14 de maio de 2015

O FOGO E O AR, SONHOS E VIAGENS

Ao preparar a análise daquele mapa, observei o ascendente Leão. Esperava, portanto uma personagem brilhante. O sol em Gêmeos na casa dez me prometiam um trato social facilitado e uma tendência mental e inteligente. Ela chegou com um sorriso à boca, marcando com brilho sua presença. E uma aura de leveza com um quê de criança própria à natureza geminiana. Mas, essas observações eram superficiais. O que viria depois? Qual seria a história que eu ouviria?

Aos poucos vou entrando no relato da mulher quase menina à minha frente. Mercúrio em conjunção a Saturno em Touro, na casa IX,  não promete fala fácil, mas sim uma mente profunda e questionadora. Então, quando a conversa começa a acontecer, ela se põe a desfiar histórias que lhe acontecem desde a infância. Lembra-se que tem a experiência de sair do corpo desde então. Agora na idade adulta, isso ocorreria com menos facilidade e frequência. É afeita a desse tipo de energias. Tem percepções de vida passada com detalhes.

Desde o início não estranhei tais relatos. Era bonito de se ouvir. E mesmo se eu não acreditasse nessas possibilidades, como desacreditar? O trabalho do astrólogo é ouvir e dar algum tipo de encaminhamento à leitura do mapa. Não há necessidade de validação dos relatos ouvidos. O que vale na escuta astrológica é a experiência vivida, não seus fundamentos. E, principalmente, sua relação com os dados do mapa.

A lua em Áries na oitava casa prometia a mesma energia ígnea do ascendente. Haveria uma exacerbação pela oposição a Júpiter em Libra. E isso talvez explicasse em parte os contornos especiais do mundo psíquico daquela mulher, junto à sua afinidade com os níveis profundos da casa nove. Era o terreno dos submundos da casa oito travestidos de expansão jupiteriana.

Os relatos se alongaram por sonhos e outras impressões. Assim certa vez, em sonho, viu-se casada com filhos. Em meio à cena do casamento, viveu sensações de levitação. A cena foi interrompida, mas era como se pudesse dirigir o sonho. Fechou, então, os olhos e voltou a sonhar para completar a imagem do casamento.
Tais histórias era significativas e, por isso, ganhavam espaço neste momento. Deveriam ter uma função importante. A questão que se colocava para mim era entender a adequação desses relatos ao mapa que eu estava lendo.

A pontuação dos elementos, que sempre dão dicas essenciais para a compreensão do mapa, mostrava predominância de fogo (idealismo e expansão) e de ar (criatividade e mente ativa). Ou seja, ratificava o que o sol, ascendente e lua já tinham marcado: o funcionamento da natureza mental, idealista e imaginativa. E eles justificavam também a intensidade das experiências psíquicas típicas de casa oito.   

Como essa pessoa sensível e até certo ponto sonhadora lidaria com a vida prática? Qual seria a proporção desse mundo em relação à realidade concreta?

De uma maneira bem sintetizada, já que os outros dados do mapa não cabem nesta abordagem, a hipótese de diagnóstico indicava a necessidade de equilibrar os planos mental e imaginativo. O recurso que eu normalmente utilizo para isso é um trabalho físico de corpo e de consciência corporal. Seria uma maneira de contrabalançar com um apoio concreto o excesso de fogo e de ar. Passei-lhe sugestões: respiração atenta, caminhadas ou outro trabalho corporal de sua preferência. Descer da cabeça para o corpo seria de bom alvitre.

Será que ela seguiu essas indicações? Não é raro eu me fazer perguntas assim. As pessoas ás vezes permanecem comigo, com suas presenças e histórias.

Nesse caso, fui além. Não só me lembrei dela. Eu a acompanhei em suas viagens astrais. Acabei também sonhando o sonho dela.

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