segunda-feira, 20 de junho de 2011

UMA LINDA MULHER


ARACY, SEGUNDA MULHER DE GUIMARÃES ROSA

O rosto da jovem mulher é brejeiro. À frente do piano, ela vira o rosto olhando a câmera fotográfica, com um meio sorriso nos lábios. Em março deste ano, ela faleceu aos cento e dois anos.

Ela tem o nome no Museu do Hocausto (Yad Vashen) em Israel, com seu nome na lista dos "Justos entre as Nações" e é homenajeada no Museu do Hocausto de Washington (EUA).
Ter ajudado judeus a entrar no Brasil, fugindo da perseguição nazista, enfrentando também uma lei de Getúlio Vargas, não era pouca façanha naqueles anos.

Aracy Moebius de Carvalho era funcionária em Hamburgo, na Alemanha, quando nosso autor lá chegou como cônsul-adjunto, aos trinta anos de idade. Apaixonaram-se e casaram-se no México, pois o Brasil ainda não tinha a lei do divórcio.

Grande sertão: veredas (1956) foi dedicada a ela que sempre o acompanhou com opiniões, fazendo inclusive as revisões de texto. Parceria inestimável. 

Senti falta dela no livro de Wilma (Relembramentos: JGR, meu pai), filha do primeiro casamento de Guimarães Rosa. Há disputas entre os herdeiros sobre a publicação de um diário que ele escreveu na Alemanha. Coisas da natureza humana. É desnecessário grande esforço para imaginar os motivos dessa querela. Em 2010, por informações incompletas, atribuí a ele a intervenção pelos judeus. Justiça seja feita a essa linda mulher. 
Ampla e irrestrita.      
      

    Um comentário:

    1. No memorial oficial de Israel em homenagem às vítimas do holocausto, Aracy é a única mulher homenageada na relação de pessoas que comprovadamente ajudaram os judeus naquela época.
      Que legal vc citar o nome dela no seu blog!

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