Não que eu tenha discordado dessas opiniões, mas me detive em outro aspecto: na ligação das duas personagens através da leitura.
Não podemos escapar de nossos repertórios pessoais quando fazemos a leitura de filmes, de tudo.
Então, comemorei outro filme que fala da mudança de alguém através dos livros, da literatura.
Nada mais bonito do que perceber como o dicionário e as palavras novas entram na vida do Chazes. De como ele, mudando o vocabulário, se distanciou dos amigos. Não se afastou fisicamente, mas nos interesses. Fez um filho, construiu uma especial amizade, resolveu um problema com a história de sua infância.
Dialogando com Marguerite, num banco de uma praça, ao lado de pombos, enquanto ouvia as frases, vivia imagens que lhe despertavam a imaginação.
Assim, foi percebendo outro mundo para si mesmo.
A transformação aconteceu pela ação da palavra.
Uma ação de Mercúrio, aquele que nos abre o mundo pela linguagem e que também nos traz a possibilidade de aprendizagem, de ouvir o outro.
E foi o que a personagem fez, ele que era quase analfabeto. Somente abriu-se à leitura de Marguerite e aprendendo, descobriu. Percebeu, então, que poderia retribuir, que podia ler para o outro ouvir.
Tudo muito bonito, delicado.
Se eu fosse diretora ou produtora de um filme, te contrataria para escrever sobre meus filmes...Não vejo a hora de assistir"Minhas tardes com Margueritte"...deve ser mesmo muito poético!
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