segunda-feira, 13 de junho de 2011

MINHAS TARDES COM MARGUERITE

Fui ler as apresentações do filme com Gérard Depardieu (perfeito no papel). Uma resenha falava da amizade entre ele e Marguerite (linda senhorinha).Uma segunda apontava as questões culturais na França contemporânea, como a da presença dos estrangeiros, trabalhando na construção civil. Outra dizia ser esse filme próprio para o público da terceira idade (ui).  

Não que eu tenha discordado dessas opiniões, mas me detive em outro aspecto: na ligação das duas personagens através da leitura.
Não podemos escapar de nossos repertórios pessoais quando fazemos a leitura de filmes, de tudo.

Então, comemorei outro filme que fala da mudança de alguém através dos livros, da literatura.
Nada mais bonito do que perceber como o dicionário e as palavras novas entram na vida do Chazes. De como ele, mudando o vocabulário, se distanciou dos amigos. Não se afastou fisicamente, mas nos interesses. Fez um filho, construiu uma especial amizade, resolveu um problema com a história de sua infância.

Claro que tudo isso foi acontecendo no contexto narrativo.
Dialogando com Marguerite, num banco de uma praça, ao lado de pombos, enquanto ouvia as frases, vivia imagens que lhe despertavam a imaginação.

Assim, foi percebendo outro mundo para si mesmo.

A transformação aconteceu pela ação da palavra.
Uma ação de Mercúrio, aquele que nos abre o mundo pela linguagem e que também nos traz a possibilidade de aprendizagem, de ouvir o outro.

E foi o que a personagem fez, ele que era quase analfabeto. Somente abriu-se à leitura de Marguerite e aprendendo, descobriu. Percebeu, então, que poderia retribuir, que podia ler para o outro ouvir.   

Tudo muito bonito, delicado.

Um comentário:

  1. Se eu fosse diretora ou produtora de um filme, te contrataria para escrever sobre meus filmes...Não vejo a hora de assistir"Minhas tardes com Margueritte"...deve ser mesmo muito poético!

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