quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

O IMPERADOR ADRIANO E A ASTROLOGIA

Interessante saber como a astrologia era percebida por um homem inteligente e de muito poder como o Imperador Adriano de Roma. Acompanhe o texto.
 

No livro Memórias de Adriano, de Marguerite Yourcenar, Adriano fala de seu contato com a astrologia. Vale a pena observarmos como ela era encarada naquela época.

Ele diz: " Aqui convém mencionar um hábito que me atraiu durante toda a minha vida a caminhos menos secretos que os de Elêusis, mas que acabam por lhe serem paralelos: quero falar do estudo dos astros. Fui sempre amigo dos astrônomos e cliente dos astrólogos. A ciência destes últimos é incerta, falsa nos detalhes, talvez verdadeira no todo: já que o homem, parcela do universo, é comandado pelas mesmas leis que presidem o céu, não é absurdo procurar lá em cima os temas das nossas vidas e as frias simpatias que participam dos nossos  êxitos e dos nossos erros. Jamais deixei, em cada noite de outono, de saudar, ao sul do Aquário, o Escanção celeste, o Dispensador sob cujo signo nasci. Não me esquecia de marcar a cada uma das suas passagens, Júpiter e Vênus, que presidem minha vida,  nem de ponderar a influência do perigoso Saturno. "

Vamos à análise de algumas partes do texto: 


1) A astrologia era menos secreta que os mistérios de Elêusis e por isso, possivelmente mais popular.

2) Mas ambos são paralelos, ou seja falavam a Adriano sobre aspectos da experiência humana que eram similares em importância para ele.

3) Ele tinha proximidade e respeitava tanto os astrônomos como os astrólogos. Astrologia já era entendida como profissão no século II em Roma e na Grécia. 

4) A "ciência" da astrologia, entretanto, era analisada por Adriano com certa cautela em sua abrangência. Ele não aceitava "certezas" nem "veracidade" em suas afirmações. “Ciência” era algo diferente do que é para nós hoje em dia.

5) Apesar dessas ressalvas, a essência da astrologia era tida como "verdadeira". 

E o que era essa essência digna de todo crédito?    Ele observava semelhança entre as leis que presidem o território dos homens na terra e os céus, ambos formadores do “universo”.  Havia uma compreensão em que estaria implicado o todo: assim é embaixo como é em cima.  Descobrimos sinais dos princípios de Hermes de Trimegistro nesta frase.  


Na verdade, Adriano era um homem culto e versado em muita leitura. E tinha hábito de levar em conta as observações celestes dos movimentos dos planetas de acordo com seu mapa natal.

A astrologia já naquela época era um conhecimento com presença marcante na vida de quem podia ter acesso a algum conhecimento.




PS: Apesar do texto de Marguerite Yourcenar ser de ficção, ela se apoiou em pesquisa histórica que demandou dela mais de vinte anos de trabalho. Daí, que podemos levar em conta seu texto como apoio para observar a astrologia na vida e época de Adriano.

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