terça-feira, 9 de agosto de 2011

MIA COUTO E A SABEDORIA DAS NARRATIVAS

             
Eu o conheci em uma palestra em um congresso organizado pela Associação de Leitura do Brasil. Era um estádio de esportes cheio de professores - talvez uns três mil -e ficamos em silêncio ouvindo com delicadeza suas palavras. Somente com delicadeza se pode entender o que ele fala. Ele deve escrever assim também. Sutilmente, escolhendo cada palavra, que segundo ele "hoje se despiu da dimensão poética.

No novo livro de ensaios, sobre seu possível ceticismo, diz que "a questão não está na dualidade entre crença e descrença, mas sim em interrogar a própria crença: temos de construir a fé na mudança do mundo antes mesmo de pensarmos. Quero dizer que o próprio pensamento não está certo; é preciso colocar em questão os instrumentos que nos levam a olhar o mundo."   

Diz que trabalha para desvendar a linha de demarcação entre ficção e ensaio. " O trabalho de  um romancista é tão solene e ligado à essência das coisas como o dos não ficionistas. A narrativa está presente nos dois lados e é isso o que importa."

E ela nos é necessária, Mia Couto. Ouvir histórias (ficção) e  pensamentos (ensaios) deve se fazer presente como parte de nossa vida, para, quem sabe, recuperarmos assim a dimensão poética que se perdeu no mundo.

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