sexta-feira, 8 de agosto de 2014

IMPREVISTOS

Como encarar imprevistos quando se é virginiano? Como todo bom virginiano, sou afeito a métodos. As pessoas costumam rotular os virginianos de perfeccionistas.

Entretanto, discordo. No meu caso, sou escravo do método. E como escravo do método, creio, imperativamente, que sempre há o melhor caminho, o melhor processo, a melhor sequência etc.

Eis que, em determinado momento, em determinada situação, para total derrocada de nós, virginianos, surgem os imprevistos. Total sensação de pânico e de angústia, pois imprevistos não fazem parte do vocabulário do virginiano.

No manual que há no cérebro de todo virginiano, não há descrição de como enfrentar imprevistos. Afinal, o que são imprevistos?

Na nossa acepção, são motivos de insônia, são prenúncio de depressão, são perda de produtividade, são síndrome de pânico, são tudo aquilo com o qual não gostaríamos de nos deparar. Mas, dado que ocorrem, mesmo após períodos e períodos de estudo de processos, de caminhos, da ordem natural das coisas, cabe-nos enfrentá-los.


E, com o passar dos anos, mesmo sendo virginianos, desenvolvemos técnicas que nos auxiliam no trato com os imprevistos. E a mais importante delas é o planejamento, é a capacidade que temos, nós, virginianos, de nos antecipar à ocorrência dos fatos. Levantamos hipóteses, traçamos alternativas, admitimos “imprevistos”, enfim, fazemos exercícios e simulamos a ocorrência de diversas situações. Inclusive aquelas com imprevistos. Mas, todavia, se foram previstos já não se pode mais chamá-los de imprevistos. Seria isto mesmo?

Autor: Maurício Avelino Sampaio - consultor financeiro

Esta crônica foi produzida durante o curso "A Crônica: conhecendo e escrevendo. Cotidiano, experiência e criação" no espaço Gaia Cultural em São Paulo/SP, durante os meses de Maio e Junho de 2014.

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