terça-feira, 8 de julho de 2014

O ASTRÓLOGO E A ASTROLOGIA

Você não encontrará sábio judeu e presbítero cristão
que não seja também um astrólogo ou vidente.
Comentário atribuído ao imperador romano Adriano(*)





Já me perguntaram como eu cheguei à astrologia. Também já me perguntaram o que ocorre na leitura do mapa, naquele momento íntimo do atendimento astrológico. Dúvidas naturais e possíveis para quem é leigo. Exercendo sua curiosidade, essas pessoas têm abertura para a astrologia, o que não é o mais comum.  


A imagem desse mundo de símbolos nem sempre foi bem aceita. A astrologia passa por resistências e preconceitos que estudos históricos provam terem sido presentes em todos os tempos. Ela chegou a ser incluída entre as ciências acadêmicas, mas foi sendo retirada dessa seleção pouco a pouco, a partir do século XVII.

Daí em diante houve a separação entre a astronomia e a astrologia. Durante séculos elas estiveram unificadas pela simples razão de provirem da mesma raiz. A cosmovisão do ser humano então incluía a presença do espaço celeste. Com a separação entre astronomia e astrologia, a percepção e a imagem da astrologia perderam um lugar importante na interpretação da vida. E a vida de todos também perdeu. Perdeu talvez demais.

Apesar de contar em sua longa história com crises de todos os tipos, ela permanece viva. Nos séculos dezenove e vinte ganhou corpo com as abordagens psicológica e simbólica. Tais abordagens cabem na perspectiva que tenho dela.

É desse contato com essa linguagem resistente a todas as complexas mudanças históricas que me proponho a falar. Também de uma formação e desenvolvimento profissional desde que fiz a escolha para este ofício. Daí que estes relatos sejam pessoais e particulares.

As perguntas que eventualmente têm sido feitas me colocaram diante de questões interessantes. Fizeram com que eu pensasse a respeito do meu dia a dia como astróloga. O atendimento como se efetiva? A relação do cliente com o desenho de um mapa como se realiza? Quem é essa pessoa que me procura? Como cheguei a este lugar para responder a dúvidas das pessoas que estão em geral em fase difícil? E como foi se formar astróloga nas últimas décadas do século XX?

O diálogo do público com a astrologia se produz a partir da linguagem de um intermediário, do astrólogo. Na verdade, uma pergunta é talvez decisiva: Por que se procura um astrólogo? Para resolver problemas, sanar dúvidas e para saber o que vai acontecer, ou seja, o futuro. Difícil escapar dessa necessidade. Os desenhos do mapa e seus símbolos deverão se transformar em respostas. E elas são às vezes paradoxais como a própria vida.


Porém, mais do que dizer a respeito do futuro, a astrologia amplia a compreensão das pessoas em relação à vida. Essa talvez seja a maior colaboração da astrologia hoje em dia: poder dar significados às experiências a partir da linguagem que a constitui e da percepção de seus símbolos. Mediar essa compreensão é talvez a maior e mais e rica tarefa do astrólogo.
São estas histórias que ocuparão o espaço das Crônicas de uma Astróloga.

(*) STUCKRAD, Kocku Von. História da Astrologia. Da Antiguidade aos nossos dias. São Paulo: Globo, 2007. P. 83 

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