quarta-feira, 23 de julho de 2014

WOODSTOCK

Manhã frenética na capital paulista. Muitos automóveis tentando cruzar a cidade e chegar a tantos  lugares diferentes.

Aqui estamos nós, minha irmã ao volante e eu de carona, paradas num engarrafamento, tentando cruzar uma ponte que nos permitirá acessar a Marginal Tietê, sentido centro. Minha irmã toda pensativa, comenta:

- O mundo virou de ponta cabeça depois de Woodstock. Como conviver com essa quantidade de automóveis, ela exclamou.

- Automóveis e motocicletas, disse eu, fixando meu olhar no vão entre os carros.

Havia uma fila enorme, um número incontável de motocicletas, motoboys e, logicamente, suas buzinas de barulho tão irritante.

Nesse instante, vem parando ao nosso lado, uma daquelas motos gigantes, linda, exuberante, daquelas fabricadas pela marca americana tão famosa. Era uma motocicleta preta, brilhante, com retrovisores enormes e dois bolsões de couro nas laterais. O piloto vestido também a caráter usava uma jaqueta de couro preta, toda adesivada e um capacete preto, pequeno e redondo.

Comento com minha irmã que esse motoqueiro era um que estava voltando de Woodstock, e ela retruca:

- Ah! Ele é muito jovem. Só, se de repente, ele foi buscar o pai em Woodstock.

O trânsito começa a andar  e olhando para o bagageiro da moto, eu respondo:

- E ele o encontrou. Veja o que ele leva no bagageiro.

E lá estava no bagageiro,  pendurado um crânio, uma cabeça usando óculos escuros.
Começamos a rir muito. Esquecemos, por alguns minutos, da agonia daquele trânsito e concluímos que alguns dos fantasmas de Woodstock, por alguma razão, desfilam  por entre os congestionamentos das manhãs paulistas.


 Autor: Adenair  Vazz

Esta crônica foi produzida durante o curso "A Crônica: conhecendo e escrevendo. Cotidiano, experiência e criação" no espaço Gaia Cultural em São Paulo/SP, durante os meses de Maio e Junho de 2014.

Nenhum comentário:

Postar um comentário